A governança das políticas de turismo: o papel dos espaços de participação na perspectiva da análise de redes e da teoria institucional

Autores

  • Ana Valéria Endres Universidade Federal da Paraíba - UFPB Departamento de Turismo e Hotelaria - DTH
  • Elbio Troccoli Pakman Universidade Federal da Paraíba - UFPB Departamento de Turismo e Hotelaria - DTH http://orcid.org/0000-0002-2217-2511

DOI:

https://doi.org/10.7784/rbtur.v13i1.1431

Palavras-chave:

Neoinstitucionalismo, Governança, Análise de Redes Sociais – ARS, Políticas públicas de turismo, Paraíba/Brasil.

Resumo

Propósito: as discussões apresentadas neste artigo propõem uma leitura original sobre a participação no processo de implementação de políticas de turismo sujeita a espaços institucionalizados que visam buscar mais legitimidade do que eficiência. O estudo é sustentado por um recorte teórico que vê nas mudanças institucionais vigentes o reflexo de processos isomórficos. Objetivo: analisar como os espaços específicos de deliberação entre os atores estatais e não-estatais, projetados pelas políticas de turismo, fortalecem a nova governança. Metodologia/Abordagem: o estudo destes processos está circunscrito aos limites imaginários do campo organizacional definidos pela rede de políticas públicas de turismo na Paraíba/Brasil. Tanto o campo quanto a rede foram delineados a partir de entrevistas direcionadas, análise documental e bibliográfica e representados por sociogramas, formulados via recursos matemáticos através da Análise de Redes Sociais – ARS. Os espaços de participação analisados têm sede na capital da Paraíba, João Pessoa.  Resultados: a leitura dos resultados obtidos sugere que os espaços de participação institucionalizados pela nova governança têm potencial transformador da realidade turística da Paraíba, pois influem nas ações e estratégias dos atores locais. Contudo, ainda é cedo para se avaliar se estes espaços realmente produzem mudanças institucionais significativas que aprofundem processos verdadeiramente participativos, legítimos, e também mais eficazes. Seu círculo virtuoso pode vir a instituir valores e práticas que fortaleçam a nova governança.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Ana Valéria Endres, Universidade Federal da Paraíba - UFPB Departamento de Turismo e Hotelaria - DTH

DTHDoutora em Sociologia Política.  

professora do Departamento de Turismo e Hotelaria – DTH, da Universidade Federal da Paraíba – UFPB

valendres@hotmail.com

Elbio Troccoli Pakman, Universidade Federal da Paraíba - UFPB Departamento de Turismo e Hotelaria - DTH

graduação, mestrado e doutorado: Economia.

professor dos cursos de Economia e de Turismo da UFPB

chefe do Departamento de Turismo e Hotelaria da UFPB

Referências

Avelar, L. M.; Cintra, A. O. (Org.). (2007). Sistema político brasileiro: uma introdução. São Paulo: Rio de Janeiro: UNESP/Konrad-Adenauer.

Avritzer, L. et.al. (2009). Experiências nacionais de participação social. Belo Horizonte: Cortez.

Blasco, D. et al. (2014) Emergence of governance in cross-border destinations. Annals of Tourism Research, 49, 159-173. DOI: https://doi.org/10.1016/j.annals.2014.09.002

Borgatti, S. P.; Everett, M. G; Freeman, L. C. (2002). Ucinet 6 for Windows: Software for social network analysis. Harvard: Analytic Technologies.

Brasil (1994). Ministério da Indústria, do Comércio e do Turismo – MICT. Instituto Brasileiro de Turismo – EMBRATUR. Ministério da Indústria, do Comércio e do Turismo. Desenvolvimento de turismo sustentável: manual para as organizações locais. Brasília.

_____. (2003). Ministério do Turismo. Plano nacional do turismo: diretrizes, metas e programas 2003/2007. Brasília.

_____. (2004). Ministério do turismo. Programa de regionalização do turismo: roteiros do brasil. Brasília.

_____. (2006). Ministério do Turismo. Plano nacional do turismo 2007/2010: uma viagem de inclusão. Brasília.

_____.(2013). Programa de regionalização do turismo: roteiros dos Brasil. Brasília.

Carvalho, A. C.; Vieira, M.; Silva, S. (2012). A trajetória conservadora da teoria institucional. Gestão Organizacional, 10, 469-496.

Czernek, Katarzyna (2013). Determinants of cooperation in a tourist region. Annals of Tourism Research, 40, 83-104. DOI: https://doi.org/10.1016/j.annals.2012.09.003

Der Zee, E.v. (2017). Complexity in the governance of tourism networks: balancing between external pressure and internal expectations. Journal of Destination Marketing & Management. DOI: https://doi.org/10.1016/j.jdmm.2017.07.003

DiMaggio P. J.; Powell, W. W. (1983). The iron cage revisited: institutional isomorphism and collective rationality in organizational fields. American Sociological Review, 48 (2), 147-160. DOI: https://doi.org/10.2307/2095101

DiMaggio, P. J.; Powell, W. (eds.). (1991). Introduction. The new institutionalism in organizational analysis. Chicago, University of Chicago Press.

Draibe. S. (2014). Policy analysis in Brazil: emergence and institutionalization. Brazilian Political Science Review, 8(2), 118-122. DOI: https://doi.org/10.1590/1981-38212014000100014

Endres, A. V. (2014). As políticas de turismo no Brasil e os novos arranjos institucionais: o papel das organizações locais. In: Pimentel, T. D.; Emmendoerfer, M. L.; Tomazzoni, E. L. Gestão pública do turismo no Brasil: teorias, metodologias e aplicações. Caxias do Sul, EDUSC, 91-124.

Evans, P. (1995). Embedded autonomy: states and industrial transformation. Princeton: Princeton University Press.

______. (2004). Development as institutional change: the pitfalls of monocropping and the potentials of deliberation. Studies in Comparative International Development, 38, 30-52. DOI: https://doi.org/10.1007/BF02686327

Ferreira, T.; Vitorino Filho,V. (2010). Teoria de redes: uma abordagem social. Revista Conteúdo, Capivari, 1 (3), jan./jul.

Frey, K. (2000). Políticas públicas: um debate conceitual e reflexões referentes à prática da análise de políticas públicas no Brasil. Planejamento e política públicas, 21, 211-259.

______. (2004). Governança interativa: uma concepção para compreender a gestão pública participativa? Política & Sociedade, Florianópolis, 5, 117-136

Gomes, R. C.; Secchi, L. (2015). Public Administration in Brazil: structure, reforms, and participation. In: Massey, Andrew; Johnston, Karen. (Org.). The International Handbook on Public Administration and Governance. 1ed.Cheltenham: Edgar Elgar, 1, 226-246.

González, M. V. P. (2014). Gobernanza turística: ¿Políticas públicas innovadoras o retórica banal? Caderno Virtual de Turismo. Edição especial: Hospitalidade e políticas públicas em turismo, 14(1), 9-22.

Granovetter, M. (1985). Economic action and social structure: the problem of embeddedness. American Journal of Sociology, 91, 481-510. DOI: https://doi.org/10.1086/228311

Hall, C. M. (2011). Typology of governance and its implications for tourism policy analysis. Journal of sustainable tourism, 19(4-5), 437-57. DOI: https://doi.org/10.1080/09669582.2011.570346

Hall, P. A.; Taylor, R. (1996). Political science and the three new institutionalism. Political Studies, 44 (5), 936-957. DOI: https://doi.org/10.1111/j.1467-9248.1996.tb00343.x

Hanneman, R. A. (2001). Introducción a los métodos del análisis de redes sociales. Disponível em: <http://revista-redes.rediris.es/webredes/textos/cap8.pdf> Acesso em: 15 abr. 2016.

Holanda, L. A. (2003). Formação e institucionalização do campo organizacional de turismo em Recife – PE. Recife: Universidade Federal de Pernambuco. (Dissertação de mestrado.)

Jesus, C.; Franco, M. (2016). Cooperation networks in tourism: A study of hotels and rural tourism establishments in an inland region of Portugal. Journal of Hospitality and Tourism Management, 29, 165-175. DOI: https://doi.org/10.1016/j.jhtm.2016.07.005

Kimbo, A. N.; Ngoasong, M. Z. (2013). Centralised decentralisation of tourism development: a network perspective. Annals of Tourism Research, 40, 235–259. DOI: https://doi.org/10.1016/j.annals.2012.09.005

Knupp, M. E. C. G. (2014). Análise de políticas públicas de turismo: uma abordagem metodológica baseada em redes sociais. In: Pimentel, T. D.; Emmendoerfer, M. L.; Tomazzoni, E. L. Gestão pública do turismo no Brasil: teorias, metodologias e aplicações. Caxias do Sul: EDUSC.

Lavalle, A. G.; Castello, G.; Bichir, R. M. (2007). Protagonistas na sociedade civil: redes e centralidades de organizações civis em São Paulo. Dados [online], 50 (3), 465-498. DOI: https://doi.org/10.1590/S0011-52582007000300002

Lin, D.; Simmons, D. (2017). Structured inter-network collaboration: Public participation in tourism planning in Southern China. Tourism Management, 63, 315-328. DOI: https://doi.org/10.1016/j.tourman.2017.06.024

Lopes, F. D.; Baldi, M. (2009). Redes como perspectiva de análise e como estrutura de governança. RAP - Revista de Administração Pública (Impresso), 43, 1007-1035. DOI: https://doi.org/10.1590/S0034-76122009000500003

Machado-da-Silva, C. L.; Gonçalves, S. A. (2007). Nota Técnica: A Teoria Institucional. In: Stewart Clegg et al.; Miguel Pinto Caldas et al. (Orgs.). Handbook de Estudos Organizacionais: modelos de análise e novas questões em estudos organizacionais. São Paulo: Atlas, 1, 220-226.

March, J. G.; Olsen, J. P. (1984). The new institutionalism: organizational factors in political life. The American Political Science Review, 78 (2), 734-749.

Marques, E. C. (1997). Notas críticas à literatura sobre Estado, políticas estatais e atores políticos. BIB. Revista Brasileira de Informação Bibliográfica em Ciências Sociais, 43.

Marques, E. C.; Bichir, R.; Moya, E. (2014). Notas sobre el análisis de redes sociales en Brasil. REDES – Revista Hispana para el Análisis de Redes Sociales, 25(1).

_____. (2000). Estado e redes sociais: permeabilidade e coesão nas políticas urbanas do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Revan; São Paulo: Fapesp.

Meyer, J. W.; Rowan, B. (1977). Institutionalized organizations: formal structure as myth and ceremony. American Journal of Sociology, 83(2), 340-363. DOI: https://doi.org/10.1086/226550

Mizruchi, M. (2006). Análise de redes sociais: avanços recentes e controvérsias atuais. RAE – Revista de Administração de Empresas, 46(3). DOI: https://doi.org/10.1590/S0034-75902006000300013

Nóbrega, W. R. M.; Figueiredo, S. (2014). Turismo e gestão pública: uma avaliação das instâncias de governança no oeste do estado do Pará. In: Pimentel, T. D.; Emmendoerfer, M. L.; Tomazzoni, E. L. Gestão pública do turismo no Brasil: teorias, metodologias e aplicações. Caxias do Sul: EDUSC, 431-461.

North, D. (1990). Institutions, institutional change and economic development. Cambridge, Cambridge University Press North. DOI: https://doi.org/10.1017/CBO9780511808678

Nunkoo, R. (2017). Governance and sustainable tourism: What is the role of trust, power and social capital? Journal of Destination Marketing & Management. DOI: https://doi.org/10.1016/j.jdmm.2017.10.003

Ostrom, E. (1986) An agenda for the study of institutions. Public Choice, 48 (1), 3-25. DOI: https://doi.org/10.1007/BF00239556

Pastras, P.; Bramwell, B. (2013). A strategic-relational approach to tourism policy. Annals of Tourism Research, 43, 390-414. DOI: https://doi.org/10.1016/j.annals.2013.06.009

Paula, A. P. P. (2005). Por uma nova gestão pública: limites e potencialidades da experiência contemporânea. Rio de Janeiro: Editora da Fundação Getúlio Vargas.

Peres, S. P.(2008) Comportamento ou instituições? A evolução histórica do neo-institucionalismo da ciência política. Revista Brasileira de Ciências Sociais, 23 (68), 53-71. DOI: https://doi.org/10.1590/S0102-69092008000300005

Peters, B. G. (2000). Institutional theory: problems and prospects. Political Science Series. Institute for Advanced Studies, Vienna

_______. (2003). El nuevo institucionalismo: la teoría institucional en ciencia política. Barcelona: Gedisa.

Prates, A. A. (2000). Organização e instituição no novo institucionalismo. Teoria & Sociedade, 5, 123-146.

Quiroga, Á. (2006). El análisis de redes sociocéntricas con Unicinet 6 y Netdraw. In: Molina, José Luis. Talleres de autoformacióm con programas de análisis de redes sociales. Barcelona: Universidad Autónoma de Barcelona, Server de publicaciones. 23-55.

Rhodes, R. A. W. (1996). The new governance: governing without government. Political studies, 652-667. DOI: https://doi.org/10.1111/j.1467-9248.1996.tb01747.x

Sañudo, J. E. P. (2015). 7 lecturas para iniciarse en análisis de redes sociales. Una selección de REDES. REDES – Revista Hispana para el Análisis de Redes Sociales, 26(1).

Schneider, V. (2005). Redes de políticas públicas e a condução de sociedades complexas. Civitas – Revista de Ciências Sociais, 5(1).

Scott, J. (2005). Social network analysis. London: SAGE.

Scott, W. R. (1999). Retomando los argumentos institucionales. In: Powell, W. & DiMaggio, P. (Orgs.) El nuevo institucionalismo en el análisis organizacional. México D. F.: Fondo de Cultura Económica, 217-236.

Secchi, L. (2009). Modelos organizacionais e reformas na administração pública. RAP. Revista Brasileira de Administração Pública, 43, 347-369. DOI: https://doi.org/10.1590/S0034-76122009000200004

_______. (2010). Entrepreneurship and participation in public management reforms at the local level. Journal local government studies, 36 (4), 511-527.

_______. (2016). Policy analysis in Brazil: a comparison of rationalist and argumentative approaches. Journal of Comparative Policy Analysis: Research and Practice, 18 (1), 88-101. DOI: https://doi.org/10.1080/13876988.2015.1110962

Sipioni, M. E.; Zorzal e Silva, M. (2013). Reflexões e interpretações sobre a participação e a representação em Conselhos Gestores de Políticas Públicas. Revista de Sociologia e Política, 21(46), 147-158. DOI: https://doi.org/10.1590/S0104-44782013000200009

Skocpol, T. (1985). Bringing the state back in: strategies of analiysis in current reserarch. In: Evans, P.; Rueschemeter, D.; Skocpol, T. Bringing the state back in. Sage: London, 1985 . DOI: https://doi.org/10.1017/CBO9780511628283.002

Théret, B. (2003). As instituições entre as estruturas e as ações. Lua Nova: Revista de cultura e política, 58, 225-252. DOI: https://doi.org/10.1590/S0102-64452003000100011

Trentin, F. (2016). Governança turística em destinos brasileiros: comparação entre Armação dos Búzios/RJ, Paraty/RJ e Bonito/MS. PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural, 14(3), 645-658. DOI: https://doi.org/10.25145/j.pasos.2016.14.042

Vale, N. O.; Lobo, C. G. A. (2007). Legitimidade e eficiência nos modelos institucionais. Anais. XIII Congresso Brasileiro de Sociologia. UFPE, Recife.

Wellman, B. (2000). El análisis estructural; del método y la metáfora a la teoría y la substancia. Política y sociedad, Madrid, 33, 11-40.

Publicado

2019-02-02

Como Citar

Endres, A. V., & Pakman, E. T. (2019). A governança das políticas de turismo: o papel dos espaços de participação na perspectiva da análise de redes e da teoria institucional. Revista Brasileira De Pesquisa Em Turismo, 13(1), 1–18. https://doi.org/10.7784/rbtur.v13i1.1431

Edição

Seção

Artigos